Entenda os desafios históricos e atuais que mantêm essas mulheres fora dos espaços de poder e liderança
Apesar de avanços em diversidade, as mulheres negras continuam sendo sistematicamente deixadas de fora dos espaços de poder nos Estados Unidos. Um artigo recente publicado pela Psychology Today aponta que elas ocupam apenas 4% dos cargos políticos eleitos em nível estadual e federal. Além disso, quando conseguem alcançar posições de destaque, costumam receber menos reconhecimento, apoio e visibilidade do que colegas brancas ou homens.
Invisibilidade, estereótipos e racismo estrutural
A exclusão de mulheres negras está diretamente ligada ao racismo estrutural e ao sexismo interseccional. Mesmo quando atingem cargos altos, como o de CEO, senadora ou atleta de elite, essas mulheres frequentemente têm suas conquistas ignoradas pela mídia e pela opinião pública. Pesquisadores classificam essa falta de reconhecimento como “síndrome da invisibilidade”.
Casos como o da vice-presidente Kamala Harris e da executiva Rosalind Brewer ilustram como mesmo trajetórias notáveis podem ser pouco conhecidas, enquanto outras figuras brancas ganham destaque com feitos similares ou até menores.
O papel da mídia e da saúde mental
Estudos mostram que a mídia cobre menos as mulheres negras e frequentemente as representa de forma distorcida. Esse apagamento público contribui para o desgaste emocional e psicológico dessas mulheres. Por isso, o artigo também defende abordagens terapêuticas baseadas em fortalezas, que acolham essas experiências e fortaleçam a autoestima, além de incentivar políticas de apoio e representatividade real.
Conclusão
O caminho para a equidade passa pelo enfrentamento das barreiras sistêmicas que impedem a ascensão das mulheres negras. Representatividade não é apenas ocupar espaços — é ser vista, ouvida e respeitada dentro deles.
🔗 Leia o artigo original (em inglês) na Psychology Today:
https://www.psychologytoday.com/us/blog/outside-the-box/202412/why-are-black-women-still-boxed-out-of-leadership
Referências
Brown, N., & Lemi, DC (2021). Mulheres negras aspirantes se beneficiam de indicadores raciais de gênero? American Politics Research, 49 (3), 285-297. https://doi.org/10.1177/1532673X211048859
Carby, H. (1992). Policiando o corpo da mulher negra em um contexto urbano. Critical Inquiry, 18 (4), 738-755. https://www.jstor.org/stable/3041742
Catalyst. (2021). Mulheres CEOs das SP 500. Catalyst. https://www.catalyst.org/research/women-ceos-of-the-sp-500/
Cooky, C., Messner, MA, e Musto, M. (2015). “É hora dos caras!” Cobertura midiática com perspectiva de gênero nos esportes femininos. Comunicação & Esporte, 3 (3), 261-287. https://doi.org/10.1177/2167479514546957
Franklin, AJ, & Boyd-Franklin, N. (2000). Síndrome da invisibilidade: um modelo clínico dos efeitos do racismo em homens afro-americanos. American Journal of Orthopsychiatry, 70 (1), 33-41. https://psycnet.apa.org/record/2000-07020-008
Ghavami, N., & Peplau, LA (2013). Uma análise interseccional de estereótipos de gênero e étnicos. Psicologia Social, 44 (5), 343-354. https://doi.org/10.1027/1864-9335/a000147
Lewis, JA, Mendenhall, R., Harwood, SA, & Huntt, MB (2013). Lidando com microagressões raciais de gênero. Journal of African American Studies, 17 (1), 51-73. https://doi.org/10.1007/s12111-012-9219-0
McKinsey & Company. (2020). Mulheres no mercado de trabalho 2020. https://www.mckinsey.com
Purdie-Vaughns, V., & Eibach, RP (2008). Invisibilidade interseccional. Psicologia Social, 9 (3), 377-386. https://doi.org/10.1177/1368430208090648